domingo, 27 de junho de 2010

As areias do tempo...


As vezes me sinto perdida em meio as areias do tempo... Não sei de onde vem essa sensação, mas parece que ainda não chegou a minha hora pra muitas coisas. Quem nunca sentiu essa coisa estranha, sentindo-se no local errado e na hora errada, como se não fizesse parte daquele cenário? Sinto isso com frequência, como se ainda não tivesse encontrado meu lugar no mundo.

Tenho andado observando as pessoas, as coisas e lugares, vendo que não sou apenas eu que me sinto assim. Percebo que mesmo num sorriso aberto, há aquele toque de tristeza, parecendo que a pessoas se esforçam para serem felizes e isso me deixa pensando em o quanto a gente engana a si próprio, tendo no fundo da alma, enganar o próximo. Nesse mundo onde o que conta é a aparência, vejo as pessoas se matando para passar uma imagem de auto-confiança que elas estão longe de sentir... Acho que elas também estão se perdendo nas areias do tempo. Parece loucura? Pode até ser, mas quando eu explicar meu jeito de ver a vida, vocês vão me entender:

Vejo a vida como um grande deserto, e eu sou como um beduíno em caravana. Estranho? Não, apenas simplificado, veja só:
Passamos a vida a procura de oásis de felicidade.
Passamos as dificuldades e privações, com força e vitalidade pois no final do dia temos o conforto do acampamento, com a família reunida para jantar e falar sobre o dia.
Mourejamos no calor das discussões, sedentos pela agua da paz.
Nos deliciamos com a brisa fresca da noite estrelada, feita apenas de amor e carinho.
Ficamos felizes com as raras chuvas do deserto, por que elas vem carregas de renovação. Pois, como bons beduínos que somos, sabemos que elas trazem junto consigo, um ciclo de novos oásis, novas cores, novas descobertas e experiências.
Quando estamos quase no final dessa jornada, aprendemos a observar os dias com mais paciencia e resignação. Aprendemos a aproveitar o calor dos dias e o brilho das estrelas a noite. Conseguimos conciliar melhor o sono, pois analisando o passado dessa caravana, vemos que fizemos o melhor que estava ao nosso alcance.

Claro, nessa longa jornada, há momentos de desespero, como as tempestades de areia, trazidas pelo temido Siroco o vento forte do deserto. Nessas horas, ficamos tristes, frustrados e nos sentindo sem capacidade de continuar a viajem, mas aprendemos que isso passa. Nos sentamos na barraca e esperamos que Siroco nos de folga, passe, e logo possamos colocar a caravana em movimento.
Aprendemos, que no deserto, é preciso ter pensamento rápido, pois os perigos são muitos. Cobras, buracos, miragens e saqueadores... Mas vemos que também há belezas como as noites mais estreladas, o eterno balé das dunas em harmonia com os ventos que trazem o conforto do frescor, as flores do deserto que conseguem sobreviver mesmo sem agua (numa grande prova de que mesmo com tudo contra, ainda conseguimos dar o melhor de nos pro mundo), a alegria das crianças dos oásis quando vêem uma nova caravana se aproximando, o sentimento de paz que temos quando nosso corpo sedento encontra agua, as conversas ao pé da fogueira no inicio da noite, as canções que contam os segredos da vida e etc.

Viu? No deserto não há apenas solidão! Claro, alguns escolhem fazer sozinhos essa jornada, encaram a caravana como um fardo e, portanto, preferem deixar apenas as suas pegadas na areia. Mas eles encontram as caravanas ao longo de sua jornada, ficam para compartilhar suas experiências, passam algum tempo com elas e depois seguem solitariamente o seu caminho. Também há aqueles que preferem começar sua peregrinação sozinhos, mas ao longo do caminho formam a sua caravana e quando acham que já andaram o bastante se estabelecem em um oásis, limitando-se a olhar o deserto e contar suas aventuras aos mais jovens (que ouvindo essas história, também sonham com a sua peregrinação). Esses que se estabelecem, depois de um tempo, são vistos como sábios, pois ja viveram todas as expriencias que o deserto traz e dão valorosos conselhos. Na maioria das vezes, os chamamos apenas de pai e mãe.

Agora que já expliquei meu olhar sobre a vida, pode ser que vocês entendam muitas coisas.
A vida não é um fardo, a gente é que a torna assim. A vida é uma viajem rumo ao descobrimento de si mesmo, mas a gente não descobre nada se estiver de olhos fechados e com medo do que possa ver.
Tenha respeito por você e pelas suas experiências. As boas e certas, por que trouxeram felicidade imediata e as ruins e erradas, por que trouxeram a oportunidade de aprender as coisa do jeito certo, crescendo com isso.
Abra os olhos e encare o deserto!!!!!!! Ele esta cheio de caminhos, experiências e energia, só esperando por você.
Não faça como muitos, que fecham os olhos, se perdem nas areias do tempo e deixam o deserto passar sem nada com ele aprender.
Lembre-se, você não veio nesse mundo a passeio!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!! Faça por merecer a dádiva da vida, e o melhor jeito disso é aprender com o deserto a ser tão forte quanto ele.


Um grande beijo.

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